segunda-feira, março 26, 2012




JORGE MOREIRA, LÍDER DA CLAQUE MAFIA VERMELHA, EM ENTREVISTA AO “SOMOS LEIXÕES”




“Temos a noção que somos uma mais-valia para o Leixões”

Somos Leixões (SL) - Que melhor adjetivo podemos utilizar para classificar o momento da claque?
Jorge Moreira (JM) - Resistentes.
SL - Como está o processo de legalização?
JM - O processo de legalização do Grupo está em standby; Convém informar o Universo Leixonense, que decorria o ano de 2003 e a Máfia Vermelha foi provavelmente o 1º grupo português, a “tentar” se legalizar. Na altura o presidente do nosso Clube era José Manuel Teixeira. Já facultamos por 3 vezes aos Dirigentes do LSC, o nosso processo. Nunca sentimos entusiasmo e interesse do clube, neste capítulo, provavelmente, pelo fato, da legalização acarretar uma série de apoios: material, logístico, financeiro.
SL - O que tem a dizer a quem dá uma conotação negativa ao nome da claque?
JM - Nada. É uma questão de sensibilidade. Para nós, o mais importante é o conteúdo e não o rótulo!
SL - O ‘vermelha’ entende-se, mas o conceito ‘mafia’ surge concretamente devido a quê?
JM - Máfia surgiu num contexto jocoso, tendo em conta todo o vasto rol de peripécias que assolavam o futebol nacional. Com este nome, pretendíamos satirizar o futebol luso. Por outro lado, existia no Leixões um grupo de amigos, que habitualmente trajavam de Kilt, que se denominavam Máfia Vermelha. Inicialmente pensamos “usar” o nome, no intuito, de juntar essa malta. Não obstante a escolha do nosso nome ter recaído em Máfia vermelha, importa referir que foram aventados outros nomes, porém a generalidade dos elementos presentes na 1ª reunião do grupo, optou pelo nome MV.
SL - Quantos membros tem a claque e quais são as regras básicas para aderir ao movimento?
JM - Membros filiados cerca de 250, porém apenas 60/70 são membros ativos. Para aderir à MV, basta fazer-se sócio do Grupo, e prometer honrar, dignificar e lutar pelo Mágico Leixões.
SL - Quando se pensa em claques, pensa-se logo em confusões, de vária ordem, antes, durante e depois dos jogos. O que é que falha neste modelo associativo?
JM - Não existem modelos perfeitos, especialmente quando os mesmos, envolvem Homens com sensibilidades e idiossincrasias diferentes. Sinceramente, consideramos que esta questão é meramente cultural. Em Portugal, as vulgarmente designadas claques ou Grupos Organizados de Adeptos (GOA), são conotadas com fenómenos associados à criminalidade, delinquência e violência, muito por culpa da comunicação social, que só enaltece os aspetos negativos associados ao comportamento de um grupo, escamoteando o verdadeiro propósito das claques – o espetáculo vocal e folclórico, dado à equipa. A prova está na sua pergunta, pois de antemão fez um juízo depreciativo sobre as claques “… pensa-se logo em confusões…”.
Na generalidade dos países da Europa, é comum assistir-se a jogos, com as denominadas “Curvas” repletas de adeptos (ULTRAS) e as restantes bancadas despidas. A média de idades dos adeptos que compõe os grupos/claques chega a rondar os 35 anos! E nesse espaço, não há lugar a preconceito ou discriminação social, pois é possível “ver” um médico/engenheiro/advogado a lutar pelo seu clube, ao lado de um sem-abrigo/desempregado. Infelizmente, a nossa sociedade é bastante preconceituosa, e avalia os grupos em função da imagem.
SL - É sabido o papel ativo da claque do Leixões, mesmo no decorrer dos jogos, com mensagens, por vezes mordazes, em que criticam o momento diretivo do clube/SAD. Sentem que as mensagens chegam aos destinatários?
JM - Obviamente.
SL - Como é que vêm a crise do clube e este recente comunicado dos jogadores denunciando os salários em atraso?
JM - Com muita mágoa e apreensão. O Clube está a viver um profundo marasmo, e não se vislumbra uma “luz”/solução para combater a inviabilidade financeira. Consideramos imperioso que os nossos dirigentes convoquem uma Assembleia Geral Extraordinária, para esclarecerem (com fatos) os associados, sobre a verdadeira realidade do Velhinho do Mar. Só assim, podemos mobilizar as gentes de Matosinhos, para que juntos, possamos dobrar o Cabo das Tormentas, e colocar o nosso Clube, onde merece – Liga Sagres.
SL - A claque pensa assumir um papel mais ativo no clube?
JM - Sim. Temos a noção que somos uma mais-valia para o Leixões.
SL - Quando os resultados não aparecem, a claque é a primeira a sofrer as consequências em termos de mobilização de adeptos?
JM - Não. Indubitavelmente quem sofre é mesmo o Leixões. O último ano na Liga Sagres, foi sintomático – o Leixões andou meio campeonato abaixo da linha de água, com assistências medíocres, especialmente fora-de-portas, mas a Máfia marcou presença em todos os jogos, fazendo deslocar sempre no mínimo 50 elementos.
Esta época desportiva, não tem corrido de feição para as nossas cores, obviamente que fruto dos resultados desportivos e da conjuntura económica, as bancadas do Palco dos Nossos Sonhos estão despidas e o apoio fora, resume-se a nós.
SL - Qual foi o jogo em que tiveram maior mobilização?
JM - Provavelmente contra o Benfica. Felizmente para nós, no ano que ascendemos à 1ª Liga, enchemos diversas vezes o setor MV.
SL - E o jogo em que vos apeteceu ir embora?
JM - Nenhum. Jamais nos demitiremos de lutar pelo clube. Não obstante reconhecer, que o apoio tende a enfraquecer, quando a equipa joga “menos bem”.
SL - O que podemos esperar da claque até final da época?
JM - O apoio e a entrega de sempre.
SL - A claque está no facebook e são conhecidos outros movimentos de apoio nas redes sociais em que é possível sentir o Leixões – por exemplo, aqui mesmo, no ‘Somos Leixões’. A ‘mafia’ reconhece a importância de divulgar o leixonismo, sobretudo às gerações mais jovens?
JM - Claro. É fundamental fomentar e divulgar o Leixões, independentemente dos meios utilizados.
Não obstante reconhecermos o papel da Internet (redes sociais, blogs, sites), continuamos a acreditar, que as iniciativas levadas a cabo no terreno (exemplo: ida às escolas), são as mais profícuas para atrairmos os jovens ao Palco dos Nossos Sonhos.
Todos nós sentimos uma vibração e alegria contagiante, no Estádio; algo que não conseguimos sequer exprimir.
 

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