segunda-feira, setembro 04, 2006

Entrevista do nosso Timoneiro ao JN

Vítor Oliveira
Apresentamos de seguida a entrevista da autoria de Arnaldo Martins e Artur Machado publicada no JN:

JNSão quase quatro meses sem um jogo oficial. Como tem gerido a situação?
VONão é fácil. É muito tempo sem a motivação e a adrenalina inerentes aos jogos oficiais. Espero, agora, que esta situação esteja ultrapassada, de forma a podermos jogar e, assim, verificar o verdadeiro potencial da equipa. Existe uma grande ansiedade, porque já deveríamos ter começado a competir e, ao contrário disso, vivemos um período de indefinição.
Só jogos-treino cria saturação no grupo...É normal. Mas também é típico no futebol português. Treinamos muito e jogamos pouco. Andamos a treinar praticamente dez meses para disputar 30 jogos e mais alguns da Taça. As pessoas que legislam no futebol deviam criar condições para haver mais jogos. Criar uma Taça da Liga ou qualquer coisa do género.
JN - Pede mais jogos, numa altura em que os campeonatos profissionais sofreram uma redução...
VO - Sim, mas não vejo razões válidas para se ter feito a redução. Acho que não é por aí que se consegue melhorar o futebol português. Pelo contrário. Para além de haver datas disponíveis para as equipas que estão nas provas europeias e para as selecções, não descubro mais benefícios.
JN - A maioria dos clubes saem prejudicados?
VO - Sem dúvida. Os clubes ficam prejudicados e o espectáculo não evolui.
JN - O "caso Mateus" também não ajuda...
VO - É evidente que a justiça portuguesa está descredibilizada e penaliza o futebol. Se todas estas situações fossem resolvidas de forma célere e, se calhar, com mais seriedade, a imagem seria diferente. O futebol tem pouco a ver com estas situações, mas, no fundo, está a levar por tabela. Temos uma justiça que não funciona, mas não é só no futebol.
JN - Disse, há dias, que alguém deveria ser responsabilizado. Quem?
VO - Os responsáveis pelo processo. Há pessoas que terão de sair mal na fotografia.
JN - Quem devia ficar na Liga principal?
VO - Sinceramente, penso que não devia subir ninguém. Contra o Leixões falo, mas a verdade é que não conseguimos os pontos necessários. Desportivamente, o Gil Vicente devia manter-se na Liga, mas, por força dos regulamentos, tal não será possível. Se funcionasse o mérito desportivo, o Belenenses não devia ser premiado, pois desceu num ano em que tinha um plantel rico em opções. Sendo assim, defendo que a Liga deveria ficar com 15 clubes e a Honra com 17, voltando tudo à normalidade na época seguinte.
JN - Preparou a equipa para a Liga de Honra ou para o principal patamar?
VO - Direccionámos as nossas atenções para a Liga de Honra. Neste momento, estamos preparados para o campeonato que nos propusemos disputar desde o começo da época.
JN - O actual plantel dava-lhe garantias para o primeiro escalão?
VO - Haveria algumas limitações, mas essa questão já não se coloca. Temos um plantel de acordo com as nossas possibilidades. No primeiro escalão, seria diferente, pois a capacidade financeira seria, necessariamente, maior. Toda a gente sabe como as pessoas de Matosinhos reagem ao fenómeno do futebol. Se jogássemos na Liga, teríamos mais gente a assistir aos jogos e o potencial financeiro seria diferente.
JN - O que lhe agradou mais e menos nesta pré-época?
VO - Fiquei satisfeito por este período ter decorrido sem se registarem grandes lesões. O que menos me agradou foi sentir que alguns atletas ainda não justificaram o porquê da contratação. Esperamos que seja apenas uma fase de adaptação, pois sabemos que têm capacidade para produzir muito mais.
JN - A maior lacuna do Leixões continua no ataque?
VO - Sabemos que a equipa tem marcado poucos golos, mas acredito que quando os jogos começarem a doer, as coisas irão melhorar. Quando assumi o cargo, o Leixões tinha uma média baixa de golos e depois, nos últimos 11 jogos, foi a equipa que mais marcou em Portugal. Estamos confiantes, pois a tendência será sempre para melhorar. Precisamos de começar a jogar a sério.
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